
Multa surreal contra o Twitch: mais que dinheiro no mundo inteiro
Imagina ser banido de uma plataforma de streaming e acabar com uma disputa judicial em que a multa aplicada já supera o valor de tudo que existe no planeta. Foi esse o cenário esquisito envolvendo o Twitch e Kirill Malofeyev, mais conhecido como Likkrit, ex-jogador profissional de League of Legends. A história sai direto de uma distopia moderna russa.
Tudo começou em 2022, quando o Twitch, junto a outras gigantes da tecnologia, decidiu banir criadores russos após uma rodada de sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos. O alvo indireto era o pai do jogador, um oligarca russo de peso, Konstantin Malofeyev, que está na mira das sanções. O Likkrit – que em sua vida no Twitch faturou cerca de US$ 2 mil, nem um salário mínimo lá dos Estados Unidos – entrou na Justiça russa questionando o banimento, alegando que seus direitos estavam sendo violados.
A Justiça da Rússia comprou o barulho e saiu aplicando uma punição pra ninguém botar defeito: uma multa diária de 100 mil rublos, o equivalente a cerca de US$ 1.100. Só que com um detalhe: a cada semana, esse valor dobra. E não há teto máximo definido. É aquele tipo de decisão pra derrubar qualquer multinacional — ou simplesmente virar piada quando se faz a conta total.
Não é brincadeira: os valores calculados já superam os US$ 20 decilhões, uma quantia absurda, maior do que toda riqueza já produzida no mundo. Só pra comparar, dá pra comprar todas as empresas do planeta e ainda sobraria dinheiro pra tentar colonizar Marte. Enquanto isso, o Likkrit segue como um figurante no meio de um duelo entre governos e corporações.
Twitch reage, mas não é só plateia nesse duelo
O Twitch não ficou parado vendo a bomba explodir. Seu time jurídico entrou com ação nos tribunais dos Estados Unidos questionando a decisão da Rússia. Eles alegam que não foram avisados direito dos julgamentos e que os termos de serviço eram com o Twitch mesmo, não com a Amazon, dona da plataforma. Tentar forçar a volta da conta ou espremer a empresa por bilhões (ou trilhões!) nunca esteve no acordo original. Agora querem jogar toda a disputa pra uma mesa de arbitragem internacional.
O caso do Likkrit não é isolado. No início de 2024, o YouTube também tomou uma punição desse tipo nos tribunais russos, após remover canais ligados a nomes na lista negra das sanções. O resultado? Uma “dívida” que supera até o que existe no sistema financeiro mundial. Na prática, entregar esse valor é impossível, mas cria um cenário de confronto diplomático e trava qualquer ativo estrangeiro que essas empresas ainda tenham na Rússia.
E para o cenário dos games e do streaming, esse embate levanta uma série de complicações. Dá pra confiar em contratos digitais quando governos entram no jogo com regras totalmente diferentes? Para quem faz lives ou produz conteúdo, a sensação é de pisar em ovos, sujeito a decisões surreais que nem envolvem grandes cifras — lembrando que tudo começou com apenas US$ 2 mil em jogo.
- Banimento de contas por sanções internacionais.
- Multas que se multiplicam semanalmente sem limite.
- Disputa por jurisdição entre países e plataformas globais.
O desenrolar desse caso não promete soluções simples. Por enquanto, Twitch e YouTube seguem operando no modo guerra fria digital, com criadores russos presos no fogo cruzado de decisões que já fugiram da realidade há tempos.