Brasil perde de virada para o Japão por 3 a 2 em Tóquio e abre questionamentos sobre Ancelotti

Klewder Silva
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Brasil perde de virada para o Japão por 3 a 2 em Tóquio e abre questionamentos sobre Ancelotti

A Seleção Brasileira foi surpreendida pelo Japão em uma derrota por 3 a 2, de virada, na manhã de terça-feira (14 de outubro de 2025), no Ajinomoto Stadium, em Tóquio. O jogo, segundo amistoso da Data FIFA de outubroTóquio, colocou em xeque o trabalho do técnico italiano Carlo Ancelotti — que ainda busca encontrar identidade em sua segunda passagem pela seleção. O Brasil abriu o placar duas vezes, mas erros individuais, especialmente de defensores, transformaram o que parecia uma vitória tranquila em uma frustração que ecoa muito além do estádio japonês.

Um time em transição, com poucos pilares

Ancelotti fez oito alterações em relação à goleada de 5 a 0 sobre a Coreia do Sul na sexta-feira anterior. Apenas Casemiro, Bruno Guimarães e Vini Júnior mantiveram a vaga no início. O restante do elenco era composto por jogadores que ainda não convenceram plenamente: o zagueiro Fabrício Bruno (Cruzeiro), o goleiro Hugo Souza (Corinthians) e o meia Matheus Cunha — que, apesar da boa atuação, foi substituído no intervalo. A ausência de Neymar e de outros titulares fixos deixou o time desequilibrado, e a falta de química entre os novos nomes foi evidente.

Os japoneses, por outro lado, jogaram com inteligência tática. Não tinham a mesma estrela, mas tinham coesão. E aproveitaram cada erro brasileiro como uma janela de oportunidade.

Virada em três momentos decisivos

O Brasil começou forte. Aos 12 minutos, Richarlison abriu o placar após assistência de Martinelli pela esquerda — um dos poucos momentos de fluidez do time. Mas o Japão empatou aos 38, após falha de Fabrício Bruno na saída de bola. O zagueiro tentou um passe de reboque, mas Daichi Kamada interceptou e deixou Takuma Asano na cara do gol. 1 a 1.

No segundo tempo, o Brasil voltou melhor. Aos 8 minutos, Bruno Guimarães acertou um chute de fora da área, de primeira, para colocar o Brasil em vantagem: 2 a 1. A torcida brasileira, mesmo no Japão, comemorou como se fosse uma vitória certa. Mas o futebol não gosta de certezas.

Aos 20 minutos, em cobrança de falta, Takefusa Kubo empatou de novo. A bola subiu, Fabrício Bruno tentou desviar, mas desviou mal — e a bola bateu no trave e caiu direto nas mãos de Kubo, que só precisou empurrar. 2 a 2. O gol foi um golpe psicológico. O time brasileiro começou a hesitar.

Na reta final, aos 43 minutos, Wataru Endo chutou de média distância. Hugo Souza, o goleiro do Corinthians, tentou encaixar — mas a bola escapou entre os dedos, deslizou lentamente e entrou. 3 a 2. O estádio explodiu. O Brasil, em silêncio.

Uma invencibilidade que acabou

Essa derrota encerrou uma sequência de sete jogos sem perdas contra seleções asiáticas — uma marca que vinha desde 2019, quando o Brasil venceu a Coreia do Sul por 3 a 0 em amistoso. Desde então, o Brasil havia enfrentado China, Catar, Arábia Saudita, Austrália, Coreia do Sul e Japão — e vencido todos. Agora, o Japão se tornou o primeiro adversário asiático a vencer a seleção em mais de seis anos.

Isso não é só um número. É um sinal. O Japão cresceu. E o Brasil, apesar de ter talento individual, ainda não encontrou um sistema coeso. A defesa, em especial, é um ponto cego. Nos últimos quatro jogos, a seleção sofreu nove gols — e apenas dois foram de pênalti.

O que vem a seguir: Senegal e Tunísia em novembro

O que vem a seguir: Senegal e Tunísia em novembro

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já anunciou os próximos desafios. Em 15 de novembro de 2025, o Brasil enfrenta o Senegal no Emirates Stadium, em Londres, às 13h (horário de Brasília). No dia 18, na Decathlon Arena, em Lille, França, entra a Tunísia.

O Senegal, que venceu a Mauritânia por 4 a 0 nas Eliminatórias Africanas, chega com moral alta. Já a Tunísia, embora menos impactante, é uma equipe organizada, com jogadores da Europa — e que sabe aproveitar os erros alheios. Não é um teste fácil. E não é um teste que o Brasil pode perder.

Um passado difícil, um futuro incerto

A derrota para o Japão foi a segunda de Ancelotti no comando da seleção — a primeira foi contra a Bolívia, nas Eliminatórias. E, apesar de o Brasil ter garantido vaga direta para a Copa do Mundo de 2026, a campanha foi a pior da história: 10 vitórias, 4 empates e 6 derrotas. A goleada de 4 a 1 para a Argentina, em Buenos Aires, foi um dos pontos mais baixos. A equipe não jogou com identidade. Não teve liderança. E, agora, não tem confiança.

Antes de Ancelotti, o Brasil passou por quatro técnicos em menos de dois anos. A instabilidade técnica refletiu no campo. E os jogadores, mesmo os mais talentosos, parecem confusos. O que falta? Um estilo? Um líder? Ou apenas tempo?

Na última Data FIFA, em setembro, o Brasil venceu o Chile e perdeu para a Bolívia. Em um mesmo mês. Isso não é coincidência. É sintoma.

As críticas e os silêncios

As críticas e os silêncios

O programa "Linha de Passe", da ESPN Brasil, já começou a debater o desempenho da equipe. Vitor Birner, um dos comentaristas, disse: "O Brasil tem jogadores que podem brilhar em qualquer lugar do mundo. Mas não tem um time. E isso é pior do que perder. É se perder."

Enquanto isso, o técnico italiano mantém silêncio. Não concedeu entrevista após o jogo. Sua postura, até agora, é de calma. Mas a torcida não quer calma. Quer respostas.

Frequently Asked Questions

Por que a defesa brasileira está tão vulnerável?

A defesa brasileira sofre com falta de coesão e experiência. Fabrício Bruno, titular contra o Japão, cometeu dois erros decisivos. Hugo Souza, goleiro do Corinthians, tem apenas 12 jogos pela seleção. O Brasil não tem um zagueiro consolidado desde Thiago Silva. A ausência de Marquinhos e de Éder Militão, por lesão, expôs a fragilidade do banco. Nos últimos cinco jogos, a seleção sofreu 13 gols — 8 deles em jogos que começou vencendo.

Qual é a real situação de Carlo Ancelotti na seleção?

Ancelotti tem o apoio da CBF, mas a pressão cresce. Ele foi contratado para trazer estabilidade, mas o time ainda não jogou uma partida com identidade. Suas substituições são questionadas — como tirar Matheus Cunha no intervalo sem trocar a linha de defesa. A CBF não tem um plano B. E, se o Brasil perder para o Senegal em novembro, a pressão por uma troca pode se tornar insustentável.

O Japão está realmente melhor que o Brasil?

Em termos de organização, sim. O Japão tem um sistema tático claro, jogadores com experiência na Europa e uma cultura de trabalho coletivo. O Brasil tem mais talento individual, mas não sabe como transformá-lo em jogo coletivo. O Japão venceu por 3 a 2, mas jogou melhor. E isso assusta: o Brasil não está apenas perdendo. Está sendo superado.

O que muda antes da Copa do Mundo de 2026?

A próxima Data FIFA é em junho de 2026, logo antes da Copa. Mas antes disso, há dois amistosos em novembro — contra Senegal e Tunísia. São testes cruciais. Se o Brasil não mostrar evolução, o técnico pode ser substituído. Além disso, a CBF precisa resolver o problema da defesa. A convocação de Marquinhos, caso se recupere, e a inclusão de jogadores como Eder Militão e Gabriel Veron podem ser decisivas. Tempo? Pouco. O relógio já está em marcha.

A derrota para o Japão é um sinal de alerta para a Copa do Mundo?

É mais que um sinal. É um alarme. O Japão é uma seleção de alto nível, mas não é favorita à Copa. Se o Brasil perde para eles por 3 a 2, com oito mudanças no time, o que acontecerá contra França, Espanha ou Inglaterra? A Copa será disputada nos EUA, México e Canadá — com clima, fuso e pressão. O time atual não está preparado para isso. O que falta não é talento. É estrutura.