Vídeo muda o rumo de acusação contra baiana de receptivo
No último mês de março, um caso polêmico expôs a dificuldade de quem vive do turismo em lugares badalados como Praia do Forte, na Bahia. Jucione Manuele, conhecida por trabalhar tirando fotos com turistas e vestindo as tradicionais roupas que são símbolo da cultura baiana, se viu no centro de uma confusão traumática. Uma turista argentina a acusou de furto da carteira e a situação ganhou proporções inesperadas.
O episódio aconteceu em 28 de março. Segundo relatos, a visitante argentina, após um passeio pelo local, percebeu que sua carteira havia sumido. Sem pensar duas vezes, apontou Jucione como responsável. O constrangimento bateu forte: pressionada no momento, Jucione foi obrigada até a se despir para tentar provar sua inocência ali mesmo, sob olhares de desconhecidos, situação que ela descreveu como "me destruiu".
Porém, a verdade apareceu dias depois, graças às imagens de uma câmera de segurança. O vídeo mostrou que, ao se levantar de um banco, a turista deixou a carteira cair sem perceber. Um homem que passava pegou o objeto do chão e, em vez de guardar para si, entregou a uma loja próxima dali. A gravação não deixou dúvidas de quem era inocente.
Impactos para a vítima e o desdobramento judicial
Apesar da prova cabal, o episódio não saiu barato para Jucione Manuele. Ela conta que, depois do baque emocional e da má impressão deixada pela acusação circulando entre turistas e outros profissionais, ficou difícil retornar ao trabalho. Ela perdeu clientela regular até que sua reputação fosse limpa, e viu a renda murchar em um período decisivo para profissionais autônomos da região. Enquanto isso, a turista argentina foi denunciada à polícia por calúnia, já que a acusação não só era falsa, como expôs Jucione a um constrangimento extremo.
A polícia de Praia do Forte recolheu a documentação do caso, anexou as imagens do vídeo e encaminhou para a Justiça. Agora, a responsabilidade por danos morais e eventuais punições está nas mãos do judiciário. O episódio serve de alerta para o risco de julgamentos apressados e para o poder revelador das câmeras em espaços turísticos.
Entre comerciantes e outros profissionais da Praia do Forte, a solidariedade a Jucione foi grande. Muitos lembram a frequência com que turistas confundem perdas com furtos e como, nessas horas, a falta de provas pode derrubar a reputação de trabalhadores que dependem do boca a boca para sobreviver.
Situações como essa expõem não só a vulnerabilidade de profissionais do turismo, principalmente mulheres negras que carregam o peso de estereótipos antigos, mas também até onde vão as consequências de acusações falsas. Para Jucione, o consolo veio com a justiça das imagens, mas as marcas do episódio seguem presentes, tanto no bolso como na autoestima.
