
Flamengo conseguiu, na última semana, uma liminar da Justiça Estadual do Rio de Janeiro que impede a distribuição direta de R$ 77 milhões, parcela dos direitos de transmissão da Libra com a TV Globo. O valor, que deveria chegar a oito clubes membros da liga, ficou retido em juízo, gerando um clima de tensão que já se arrasta há meses.
O bloqueio dos R$ 77 milhões
A cláusula controversa do contrato de transmissão reserva 30% da receita para uma fórmula baseada na média de audiência. Como o Flamengo detém a maior base de torcedores do país, a diretoria argumenta que a participação percentual deveria ser maior. Foi essa insatisfação que levou o clube a buscar a ação judicial, alegando que o modelo atual penaliza quem gera mais público.
Para a Libra, a distribuição já foi aprovada em assembleia, com representantes de todos os clubes presentes. O acordo foi descrito como "legal e participativo", mas o Flamengo contesta a aplicação prática, dizendo que a fórmula não reconhece seu peso de mercado.

Reações dos clubes e implicações para o futebol brasileiro
O discurso de protesto saiu em cadeia:
- Atlético‑MG classificou a atitude como "astuta e mesquinha", acusando o Flamengo de minar a confiança entre as equipes;
- Palmeiras chamou o movimento de "predatório e vil", afirmando que a medida tenta "asfixiar financeiramente" os demais membros;
- São Paulo relembrou que o atual dirigente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, já se recusou a assinar um manifesto antirracismo proposto pela Libra;
- Outros clubes citados – Grêmio, Vitória, Red Bull Bragantino, Bahia e Santos – também enfatizaram a necessidade de recursos para operação diária e planejamento financeiro.
Além das declarações, a própria Libra emitiu nota repudiando a ação, defendendo que a medida “danifica a harmonia do grupo ao questionar acordos já ratificados”. A instituição reforçou que qualquer mudança na distribuição deve passar por votação coletiva.
Para o Flamengo, a defesa permanece focada em “respeito à representatividade” e em “critério justo e proporcional” nas receitas. O clube insiste que a luta é por cumprimento do estatuto da liga, sem a intenção de prejudicar outras equipes.
O impasse traz à tona um dilema crônico do futebol nacional: equilibrar o interesse de clubes gigantes, que movimentam bilhões em mídia, com a necessidade de viabilizar financeiramente as instituições menores. Enquanto a liminar segue em vigor, os oito clubes aguardam decisão que pode definir o futuro da repartição dos direitos de transmissão no Brasil.

