Mirassol vence Ceará por 3 a 0 e se consolida na Libertadores; Vovô luta para não cair

O Mirassol Futebol Clube deu um soco no abdômen da luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro Série A 2025 ao derrotar o Ceará Sporting Club por 3 a 0, na noite de segunda-feira, 24 de novembro de 2025, no Estádio José Maria de Campos Maia, o popular Maião, em Mirassol, São Paulo. Os gols de Negueba, Reinaldo e Alesson não só ampliaram a vantagem do time paulista na tabela, como expuseram a crise ofensiva do time cearense — que, apesar de 15 finalizações, só acertou três no alvo. A vitória elevou o Mirassol para 63 pontos, mantendo-o na 4ª posição e solidificando sua vaga na Copa Libertadores da América 2026. Já o Ceará, com 42 pontos, segue na 14ª colocação, a um passo do abismo.

Um time em ascensão, outro em colapso

O Mirassol entrou em campo com confiança de quem já havia conquistado o objetivo principal: a Libertadores. E jogou como tal. Com um ataque que é o terceiro mais eficiente da Série A — 61 gols marcados até então —, o time de Mirassol aproveitou cada chance. Negueba abriu o placar aos 18 minutos do primeiro tempo, depois de um cruzamento rasteiro de Alesson que o atacante finalizou com precisão. Reinaldo, que atuava como lateral-esquerdo, surpreendeu ao aparecer na área e cabecear para o fundo da rede aos 37. O terceiro veio aos 12 da segunda etapa, com Alesson, o jovem meia de 20 anos, finalizando de primeira após uma assistência de Cristian. O público presente, que chegou a cantar "olé" em pleno Maião, viu o time da casa jogar com liberdade e inteligência tática.

Já o Ceará parecia desorientado. Mesmo com 15 finalizações, o time cearense repetiu os mesmos erros de rodadas anteriores: falta de movimentação sem a bola, passe errado na hora certa, e uma ausência total de criatividade no último terço. O goleiro Bruno Ferreira fez boas defesas, mas não foi suficiente. A defesa, com Marcos Victor e Willian Machado, foi pressionada com facilidade. O meio-campo, com Zanocelo e Lucas Mugni, não conseguiu sustentar o jogo. E no ataque, Galeano e Pedro Henrique ficaram isolados, sem apoio. A frustração era visível nos rostos dos jogadores. Nada novo, mas cada partida piora o quadro.

As escalações e a cobertura que movimentou o Brasil

O Mirassol começou com Walter no gol; Lucas Ramon, João Victor, Jemmes e Reinaldo na defesa; José Aldo, Danielzinho e Gabriel no meio; e Negueba, Alesson e Cristian no ataque. O técnico Daniel Paulista, que assumiu o time em junho, montou uma equipe equilibrada, com jogadores que conhecem bem o sistema de jogo. Já o Ceará, comandado por Doriva, entrou com Bruno Ferreira; Fabiano Souza, Marcos Victor, Willian Machado e Matheus Bahia; Zanocelo, Dieguinho e Lucas Mugni; e Galeano, Pedro Henrique e Aylon. A ausência de um centroavante de referência foi sentida — e não foi só por falta de gols, mas por falta de pressão.

A partida foi transmitida ao vivo pelo Premiere, mas o que chamou atenção foi a cobertura radiofônica. A Verdinha FM 92.5 e o canal do YouTube "Jogada" — com narração de Jota Rômulo e comentários de Wilton Bezerra — tiveram audiência recorde na região. Paralelamente, a Rádio O POVO CBN, com Liuê Góis e Fernando Graziani, também registrou altos índices, mostrando que o futebol interiorano ainda é um fenômeno de conexão comunitária. O vídeo de gols do Globoplay foi assistido mais de 800 mil vezes em 24 horas.

Dois mundos, uma mesma realidade

O Mirassol, que começou a temporada como candidato ao rebaixamento, hoje é o exemplo de como gestão, paciência e identidade de jogo podem transformar um clube. Com 63 pontos, está a três da terceira colocação — e pode até disputar a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores. O Ceará, por outro lado, vive o contrário: uma equipe com tradição, que já foi vice-campeão brasileiro em 2020, agora luta para não cair. Com apenas 32 gols marcados — o mesmo número do Juventude —, o Vovô tem o terceiro pior ataque da Série A. O problema não é novo. Mas agora, com apenas dois jogos restantes, o tempo acabou.

"O Ceará precisa escolher onde buscar a vitória que falta: Cruzeiro, Flamengo ou Palmeiras", escreveu o GE Globo em sua análise. O próximo adversário, o Cruzeiro, será na Arena Castelão, em Fortaleza, no sábado, 29 de novembro, às 21h. Vencer é obrigatório. Mas será que o time tem condições? A resposta está nos últimos 15 minutos dos últimos jogos: quando o cansaço e a ansiedade tomam conta, o Ceará desaba.

O que está em jogo nos dois últimos jogos

O Ceará precisa vencer os dois últimos jogos — contra Cruzeiro e Flamengo — e torcer para que pelo menos dois times à sua frente percam. O Palmeiras, que está na 13ª posição com 44 pontos, pode ser o grande beneficiado. Se o Ceará perder para o Cruzeiro e o Palmeiras vencer o Bahia, o Vovô cai automaticamente. A pressão é imensa. Os torcedores já começam a se despedir. As camisas de 2025 estão sendo vendidas como lembranças.

Enquanto isso, o Mirassol, que há dois anos estava na Série B, hoje é referência de crescimento sustentável. Não tem patrocínio gigante, não tem estádio moderno, mas tem identidade. E isso, no futebol brasileiro, é raro. O time pode até não vencer mais nenhum jogo. Mas já garantiu o que importa: o futuro.