Vasco recusa proposta dos Emirados por Luiz Gustavo, mantendo jogador até 2028

Em uma decisão que reforça o compromisso do Vasco da Gama com sua base de jovens talentos, o clube carioca rejeitou oficialmente, na segunda-feira, 1º de novembro de 2024, uma proposta milionária do clube emirado Shabab Al-Ahli Dubai Club pelo zagueiro de 19 anos Luiz Gustavo, nascido em Foz do Iguaçu, Paraná. A recusa veio após avaliação interna que concluiu: os valores apresentados estavam bem abaixo do mínimo exigido pela diretoria — algo em torno de R$20 milhões (cerca de US$4 milhões). O jogador, que atua como zagueiro esquerdo e já é peça-chave no time principal sob o comando de Ramon Menezes, permanece vinculado ao Vasco até junho de 2028 — contrato extendido em 2023 justamente para afastar interesses europeus. E, como se vê, os emirados não foram os únicos a bater na porta.

Um jogador que virou alvo internacional

Luiz Gustavo chegou ao Vasco em 2021, com 15 anos, após ser descoberto nas categorias de base de sua cidade natal. Desde então, se destacou como um zagueiro artilheiro — marcou 17 gols em 48 jogos pelas categorias de base, segundo dados internos do clube. Sua estatura (1,88 m), leitura de jogo e domínio com o pé esquerdo o tornaram um dos mais cobiçados jovens defensores do Brasil. Aos 19, já é titular em muitos jogos da Série A e até da Copa do Brasil. E o mercado internacional começou a notar: em 2023, após a renovação do contrato, clubes da Europa, como Benfica e Sevilla, já sondavam. Agora, foi a vez dos Emirados Árabes.

A proposta foi formalizada pelo Shabab Al-Ahli Dubai Club por meio do portal árabe UAEkick, em 25 de outubro. A equipe, que disputa a UAE Pro League e já tem nove brasileiros em seu elenco — entre eles Igor Gomes, Igor Jesus e Guilherme Bala — tem um histórico de recrutar jovens promissores do Brasil com custos relativamente baixos. Mas, dessa vez, o Vasco não cedeu. "Os valores estavam bem abaixo", afirmou o jornalista Venê Casagrande, da Supervasco, citando fontes internas. "Eles fizeram uma investida milionária, mas o Vasco exige milionário de verdade".

Quem tomou a decisão? Pedrinho e a diretoria

A rejeição foi liderada por Pedro Paulo Carvalho Neto, conhecido como "Pedrinho" na imprensa esportiva, membro da diretoria e um dos principais articuladores da política de retenção de jovens. Sob sua supervisão, o Vasco passou a adotar uma postura rígida: nenhum jogador formado na base será vendido por menos do que o valor estipulado — e esse valor, segundo fontes da diretoria, é calculado com base em potencial, desempenho e demanda de mercado. Em junho de 2024, o clube já havia recusado uma oferta de €8 milhões do FC Porto pelo meia Andrey Santos. Agora, a mesma lógica se aplica a Luiz Gustavo.

"Não estamos fechando portas, mas sim abrindo janelas com critério", disse uma fonte anônima da diretoria ao NetVasco. "Se alguém quiser pagar o preço, vamos conversar. Se não, ele fica e continua crescendo aqui". A estratégia é clara: investir no desenvolvimento dos jovens, aumentar seu valor no mercado e vender apenas quando o retorno for significativo — e não por pressão ou urgência.

Por que os Emirados estão atrás de brasileiros?

O Shabab Al-Ahli Dubai Club é um dos maiores da Emirados e, desde 2021, transformou-se em um verdadeiro "ponto de escala" para jovens brasileiros. Com salários competitivos e pouca pressão tática, o clube atrai jogadores que buscam experiência internacional antes de rumar para a Europa. Igor Jesus, por exemplo, foi campeão brasileiro e da Libertadores com o Botafogo em 2023 e, após dois anos nos Emirados, já é cotado para retornar à Série A. Mas o Vasco não quer perder Luiz Gustavo nesse caminho.

Ao contrário de clubes europeus, que muitas vezes exigem parcelas de venda ou cláusulas de revenda, os Emirados costumam oferecer pagamentos únicos — o que, para o Vasco, representa menos segurança de retorno a longo prazo. "É uma compra, não um investimento", comentou um consultor de transferências que trabalha com clubes brasileiros. "E o Vasco quer ser sócio, não só vendedor".

Próximos passos: Europa volta a bater

A rejeição dos Emirados não encerrou o interesse internacional — pelo contrário. Segundo o site Vascaíno.net, o Sevilla FC, da Espanha, já enviou um observador para acompanhar Luiz Gustavo em jogos da Série A em outubro. Outros clubes, como o Benfica e o Feyenoord, também estão monitorando o jogador. A expectativa é que, no janela de janeiro de 2025, as ofertas aumentem — e, se forem próximas do valor de R$20 milhões, o Vasco pode reconsiderar.

"Agora, o Luiz Gustavo vai jogar com o peso de ser o próximo grande nome do Vasco. E o clube vai deixar claro: ele não é à venda por qualquer preço", afirmou o jornalista Renato Gomes, da Bolavip. "Se ele continuar assim, em seis meses, o valor pode subir para R$35 milhões".

Um modelo que pode mudar o futebol brasileiro

Essa decisão do Vasco é mais do que um caso isolado. É um sinal de que clubes tradicionais, mesmo com dificuldades financeiras, estão aprendendo a valorizar seu patrimônio mais precioso: os jovens formados nas categorias de base. Enquanto times menores vendem por R$5 milhões para evitar riscos, o Vasco está apostando na paciência. E, se der certo, pode se tornar um modelo para outros clubes.

Luiz Gustavo, por sua vez, segue treinando em São Januário. Sem pressa. Sem anúncios. Sem rumores. Apenas com o foco no próximo jogo. E, se alguém quiser levá-lo, terá que pagar o preço que o clube decidiu: não o que o mercado oferece, mas o que ele merece.