Copa Libertadores: River Plate elimina o Libertad nos pênaltis e vai às quartas no Monumental

Klewder Silva
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Copa Libertadores: River Plate elimina o Libertad nos pênaltis e vai às quartas no Monumental

River Plate avança nos pênaltis após noite tensa contra o Libertad

Casa cheia, pressão do início ao fim e vaga suada. Em uma noite de nervos no Estadio Más Monumental, o River Plate deixou o Libertad para trás e garantiu lugar nas quartas de final da Copa Libertadores. Depois do 0 a 0 no jogo de ida em Assunção, o empate por 1 a 1 em Buenos Aires levou a decisão para os pênaltis. Aí pesou o costume de jogo grande: 3 a 1 para os argentinos nas penalidades, com Franco Armani pegando a cobrança de Marcelo Fernández e virando personagem do duelo diante de mais de 80 mil torcedores.

O River entrou ligado e transformou volume em vantagem cedo. Aos 29 minutos, Sebastián Driussi apareceu para abrir o placar, premiando a pressão inicial e o controle territorial dos donos da casa. O Monumental explodiu. Só que o Libertad não se assustou. A resposta veio ainda no primeiro tempo, aos 43, com Robert Rojas finalizando firme para empatar e deixar tudo aberto no intervalo.

A etapa final manteve o tom de equilíbrio. O River empilhou chegadas, rondou a área e tentou acelerar pelos lados. O Libertad escolheu defender curto, sem recuar demais, e foi competente em cortar linhas de passe. No fim das contas, as chances apareceram para os dois lados: 8 finalizações do River, 4 no alvo; 4 do Libertad, 2 no gol. Faltou o último toque. Sobrou tensão.

Com o relógio pesando, os detalhes ganharam peso. Enzo Pérez, o capitão do River, segurou o time pelo centro, ditando tempos de passe e esfriando o jogo quando foi preciso. Giuliano Galoppo, em dia intenso pelo meio, acabou punido com cartão amarelo aos 52 minutos, no momento em que o River tentava acelerar a pressão pós-perda. Do outro lado, o goleiro e capitão Martín Silva organizou a última linha paraguaia, orientou a bola longa e evitou que o time perdesse o prumo no momento mais quente.

Sem gol no tempo normal, vieram os pênaltis. E aí o Monumental fez diferença, mas não sozinho. O River bateu com frieza, converteu três cobranças e errou uma. O Libertad só marcou uma vez. Franco Armani, experiente, leu bem os cantos e pegou a batida de Marcelo Fernández, a mais decisiva da série. Os argentinos controlaram a sequência, e cada defesa de Armani parecia tirar o ar dos visitantes. O apito final confirmou o que o roteiro indicava: peso de camisa, elenco acostumado à pressão e um goleiro que cresce quando o jogo pede mais.

A classificação tem sabor de afirmação. O River chegou ao duelo com sete partidas de invencibilidade e apenas uma derrota nos últimos 27 jogos. Em casa, o número impressiona ainda mais: 16 jogos sem perder e só um tropeço nos 20 mais recentes. O Libertad, mesmo eliminado, não sai pequeno. O time paraguaio veio de seis jogos sem perder, mas já somava três sem vitória. Fora de casa, a sequência era robusta: sete partidas de invencibilidade e só uma derrota nas últimas 18. Não por acaso, o confronto foi amarrado, decidido por centímetros.

O histórico entre os dois também pesava no clima. Em 15 encontros, vantagem clara do River: nove vitórias argentinas contra quatro do Libertad. Na Libertadores, o recorte é ainda mais duro para os paraguaios: seis vitórias do River, dois empates e três derrotas em 11 jogos. E há um dado que explica a confiança no Monumental: o Libertad nunca venceu o River em Buenos Aires. Nas sete visitas anteriores, conseguiu só um empate e saiu derrotado nas outras seis. A noite desta classificação apenas reforça essa escrita.

Na beira do campo, o jogo foi também de ideias. Marcelo Gallardo apostou no controle com bola, time alto e agressivo no contra-pressing. A proposta foi clara: empurrar o Libertad para o próprio terço, insistir em circulação rápida e liberar os homens de lado para receber em profundidade. Quando o ritmo caiu, a equipe manteve a bola para cortar qualquer transição perigosa do adversário. Sergio Aquino, pelo Libertad, montou um bloco compacto, alternando pressão média com defesa mais próxima da área quando a bola entrava por dentro. O plano era sobreviver aos primeiros 20 minutos, esfriar a arquibancada e tentar gol em aproveitamento de espaços curtos. Funcionou em parte: o empate antes do intervalo foi conquista do coletivo que raramente se desorganizou.

Com o jogo preso no meio, o River buscou soluções. Inverteu ponto de ataque, trouxe o ponta para dentro, abriu lateral para cruzamento e procurou chutar de média distância quando a área ficou congestionada. Faltou capricho na última bola. Ao Libertad, a saída longa evitou perda perigosa no campo de defesa e gerou duas finalizações limpas, que esbarraram na boa leitura de posicionamento da defesa argentina. Armani, mesmo sem milagres no tempo normal, passou segurança em bolas altas e coberturas.

O campeonato também entra no cálculo. Sem um favorito absoluto na chave, cada time que chega às quartas briga por espaço e calendário. O River, acostumado a noites grandes continentais, enxerga uma oportunidade de retomar a hegemonia recente. O clube já levantou a taça quatro vezes e conhece os atalhos das fases eliminatórias. O Libertad, que tem feito campanhas consistentes fora de casa, sai com a sensação de que resistiu onde muitos caem, mas pagou caro por um detalhe na marca da cal.

No Monumental, a atmosfera teve papel próprio. Mais de 80 mil pessoas cantaram do aquecimento até a última cobrança. A arquibancada ajudou a manter o time ligado quando o ritmo caiu e empurrou nas retomadas de bola. Em jogos assim, cada dividida vira combustível. Foi o que se viu depois do empate do Libertad: o River não se desorganizou, respirou fundo e seguiu insistindo, consciente de que o gol poderia sair em uma bola parada ou em um erro forçado. Não veio. Vieram os pênaltis. E a história recente da casa mostrou de novo que pesa.

Individualmente, alguns nomes sustentaram a narrativa. Enzo Pérez comandou por dentro, fez coberturas e chamou responsabilidade para acelerar a troca de passes. Driussi foi oportunista e frio na definição do 1 a 0. Galoppo, mesmo amarelado cedo no segundo tempo, manteve a entrega e ajudou a isolar os zagueiros do Libertad, atraindo marcação e abrindo corredor. No time paraguaio, Martín Silva foi o farol da defesa, enquanto Rojas representou bem o espírito do empate: concentração e execução.

O River agora muda a chave e aguarda a definição do adversário das quartas. A Conmebol ainda vai fechar o quadro final, mas o formato não muda: ida e volta, detalhe que valoriza elenco que sabe competir em ambientes hostis. Em teoria, o River leva vantagem com a força do Monumental e a maturidade para jogar fora. A lição do duelo com o Libertad, no entanto, é simples: qualquer desconcentração custa caro e pode levar o jogo para outra loteria de pênaltis.

Para o Libertad, a queda não apaga o que o time tem feito longe de casa. A sequência invicta como visitante é cartão de visita de quem aprendeu a sofrer sem perder a cabeça. A missão, a partir de agora, é carregar esse padrão para o cenário local e ajustar a tomada de decisão no terço final. Em mata-mata, a margem é curta, e a execução pesa mais do que a ideia.

A noite também soma aos duelos pessoais dos técnicos. Gallardo aumenta a boa série contra o Libertad: em cinco encontros, agora são três vitórias, um empate e uma derrota, considerando o recorte apresentado no pré-jogo. Aquino, com experiência menor diante do River, sai com lições claras sobre como controlar o ritmo e como conviver com um estádio que acelera o adversário. É o tipo de aprendizado que, no segundo semestre, costuma fazer diferença.

O resultado final conversa com o que os números diziam antes da bola rolar: favoritismo do River, resistência do Libertad e um Monumental que empurra. No gramado, isso virou 1 a 1 e decisão na marca da cal. No papel, virou classificação e uma mensagem ao restante do continente: o River segue muito competitivo e, quando o jogo pesa, sabe onde está o caminho.

Números, contexto e o que ficou do jogo

Números, contexto e o que ficou do jogo

O roteiro apertado não foi acidente. O River adiantou linhas, marcou a saída, e tentou recuperar a bola em três toques. O Libertad bloqueou a entrelinha, protegeu a entrada da área e não deu campo para tabelas curtas. Foi uma partida de paciência, daquelas em que a jogada certa aparece uma vez por tempo. No segundo, ninguém foi capaz de transformar em vantagem.

  • Placar do tempo normal: River Plate 1 x 1 Libertad (Driussi 29'; Rojas 43')
  • Disputa de pênaltis: 3 a 1 para o River Plate
  • Finalizações: River 8 (4 no alvo); Libertad 4 (2 no alvo)
  • Defesa decisiva: Armani pegou a cobrança de Marcelo Fernández
  • Disciplinar: cartão amarelo para Giuliano Galoppo aos 52'
  • Invencibilidade do River: 7 jogos sem perder; 1 derrota nos últimos 27
  • Força no Monumental: 16 jogos de invencibilidade; 1 derrota nos 20 mais recentes
  • Sequência recente do Libertad: 6 jogos sem perder antes do duelo; 3 sem vitória
  • Desempenho fora de casa do Libertad: 7 invencíveis; 1 derrota nos últimos 18
  • Histórico geral: 15 confrontos — 9 vitórias do River, 4 do Libertad
  • Histórico na Libertadores: 11 jogos — 6 vitórias do River, 2 empates, 3 do Libertad
  • Tabu no Monumental: Libertad nunca venceu; 1 empate em 7 visitas anteriores

Para o torcedor do River, a vaga carrega alívio e expectativa. O time voltou a mostrar controle emocional em mata-mata e se manteve fiel ao plano mesmo nos minutos mais tensos. Para o Libertad, fica a frustração de ter levado o jogo até o limite e, ainda assim, ver a noite escapar em quatro chutes da marca da cal. Futebol de Copa é assim: 90 minutos contam muito, mas a decisão mora nos detalhes.